quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O melhor presente







 Teddy Stallard era um excelente concorrente ao título de esquecido. Não se interessava pela escola. Usava roupas velhas, amarfanhadas, nunca penteava os cabelos. Era um desses meninos na escola que exibiam uma face desconsolada, sem expressão, um olhar enevoado, sem foco definido. Quando a professora, Srtª Thompson, falava ao Teddy, ele sempre respondia com monossílabos. Era um camaradinha distante, destituído de graça, sem qualquer motivação, difícil de a gente gostar. Embora a professora dissesse que gostava de todos da classe por igual, bem lá dentro ela não estava sendo muito verdadeira.

Sempre que ela corrigia as provas de Teddy, sentia certo prazer perverso em rabiscar um X ao lado das respostas erradas, e ao lascar um zero no topo da folha, fazia-o com certo gosto. Ela tinha obrigação de conhecer melhor o Teddy; os dados do menino estavam com ela. A professora sabia mais sobre ele do que gostaria de admitir. O currículo do garoto era o seguinte:

1ª Série - Teddy promete muito quanto ao rendimento escolar e atitudes. Situação doméstica má.
2ª Série - Teddy poderia melhorar. A mãe está muito doente. O menino recebe pouca ajuda em casa.
3ª Série - Teddy é muito bom aluno, mas sério demais. Aprende devagar. É lento. A mãe morreu neste ano.
4ª Série - Teddy é lento, mas tem bom comportamento. O pai é desinteressado de todo.

Chegou o dia dos professores. Meninos e meninas da classe da Srtª Thompson lhe trouxeram presentes. Empilharam os pacotinhos na mesa da professora e rodearam-na, observando-a enquanto os ia abrindo. Entre os presentes havia um, entregue por Teddy Stallard. Ela ficou surpresa ao ver que ele havia trazido um presente. Mas, trouxera mesmo. O presente dele estava enrolado em papel pardo e fita colante, no qual ele escrevera umas palavras simples: "Para a Srtª Thompson - do Teddy". Quando ela abriu o pacote de Teddy, caiu sobre a mesa um bracelete vistoso, feito de pedras semelhantes a cristais, metade das quais já não estava mais lá, e um frasco de perfume barato.
Os meninos e meninas começaram a sufocar risadas, exibindo sorrisos afetados por causa dos presentes de Teddy. Contudo, a Srtª Thompson pelo menos teve bom senso suficiente para silenciá-los ao por no pulso, imediatamente, o bracelete e um pouco de perfume. Colocando o pulso à altura das narinas das crianças para que cheirassem, ela perguntou: "Não é delicioso este perfume?" As crianças, seguindo a pista deixada pela mestra, imediatamente concordaram com "uuu" e "ôôô!"
Terminada a aula, após as crianças terem ido embora, Teddy demorou-se e foi ficando. Muito lentamente, ele aproximou-se da professora para dizer-lhe:

- Srtª Thompson... Srtª Thompson, a senhora tem o mesmo cheiro de minha mãe..., e o bracelete dela ficou bonito na senhora, também. Fiquei contente porque a senhora gostou dos meus presentes.

Depois que Teddy saiu a Srtª Thompson chorou.

No dia seguinte, quando as crianças voltaram à escola, foram recepcionados por uma nova professora. A Srtª Thompson se tornara uma pessoa diferente. Já não era mais a mesma. Passou a ajudar todas as crianças, especialmente Teddy. Pelo fim daquele ano escolar, Teddy mostrava uma melhora dramática. Alcançara a maior parte dos alunos e chegou a ficar à frente de alguns deles.

A Srtª Thompson não recebeu notícias de Teddy durante um longo tempo. Então, um dia, entregaram-lhe uma carta:

"Querida Srtª Thompson:
Eu quis que a senhora fosse a primeira a saber.
Estou me formando em segundo lugar em minha classe.
Com muito amor,
                                       Teddy Stallard”

Quatro anos mais tarde, ela recebeu nova carta:

"Querida Srtª Thompson:
Disseram-me há pouco que sou o primeiro aluno da classe. Estou me formando este ano. Quis que a senhora fosse a primeira a saber. A Universidade não tem sido fácil, mas eu gosto.
Com muito amor,
                                     Teddy Stallard”

Mais quatro anos depois...

"Querida Srtª Thompson:
A partir de hoje, sou Theodore Stallard, doutor em medicina. Que acha? Eu quis que a senhora fosse a primeira a saber. Vou me casar no mês que vem, para ser exato, no dia 27. Quero que a senhora venha e se sente onde minha mãe se sentaria se ela fosse viva. A senhora é a única pessoa da família que tenho agora. Meu pai morreu no ano passado.
Com muito amor,
                                     Teddy Stallard”

A Srtª Thompson foi àquele casamento e sentou-se onde a mãe de Teddy teria sentado. Ela o mereceu. Havia feito pelo Teddy algo que ele jamais esquecera.

Que é que você pode dar como presente à alguém? Em vez de simplesmente dar "uma coisa", dê algo que sobreviva a você mesmo. Seja generoso. Contribua. Dê de si mesmo à algum Teddy Stallard, um destes pequenos, insignificantes, quase invisíveis seres, a quem você pode ajudar a se tornar um dos grandes vultos da humanidade, que por sua vez, farão a diferença na vida de muitas pessoas.

Extraído e adaptado do  livro Insight, de Daniel C. Luz, Editora DVS, página 149.


Nota
Esta é uma história de ficção criada há 35 anos por Elizabeth Sillance Ballard, então com 58 anos de idade, em Virginia Beach/VA nos EUA. Foi publicada pela primeira vez em 1976 na revista Life Home, e desde então se tornou uma lenda urbana.
Teddy Stallard nunca existiu, mas está sempre presente, por perto, à nossa volta.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Deixe o tubarão tentar te abocanhar


Os japoneses são grandes apreciadores de peixes frescos. Contudo, nas águas perto do Japão, não há grande quantidade de peixes (dizem). Assim, para alimentar a população os japoneses aumentaram o tamanho dos navios pesqueiros e os equiparam melhor, e puderam seguir para pescar em águas mais distantes.
Quanto mais longe os pescadores iam, mais tempo demoravam em trazer os peixes, e quando estes eram colocados à venda no mercado, já não eram frescos. Os consumidores não gostavam do gosto destes peixes.
Para resolver o problema as empresas de pesca instalaram câmaras frigoríficas nos barcos. Assim, os peixes seriam congelados logo após serem tirados da água. Mas o paladar dos consumidores conseguia distinguir o peixe fresco do peixe congelado, e, é claro, eles não gostavam nada do sabor do peixe congelado. Os preços entraram rapidamente em queda.
Então as empresas de pesca tomaram outra decisão: instalar tanques nos barcos. Uma ótima ideia. Assim, os peixes seriam retirados da água e imediatamente colocados nos tanques, garantindo seu frescor ao chegar ao mercado. Mas ninguém esperava que os viveiros ficassem superlotados de peixes, que se debatiam a exaustão, e depois de certo tempo caíam prostrados e não se mexiam mais. Mais um problema: os peixes perdiam o frescor pela falta de movimento nos tanques, e os japoneses sabiam a diferença entre o saber de um peixe fresco e de um peixe cansado.
Então, como trazer peixes frescos para o mercado?
Eles fizeram uma pequena mudança: para preservar o sabor de peixe fresco as empresas ainda os colocam nos tanques logo após os retirarem da água. Isso não mudou. O que mudou foi a presença de um pequeno tubarão nestes tanques. É claro que o tubarãozinho acaba comendo alguns peixes, mas a maioria deles chega muito VIVO ao cais do porto, pois fica a viagem inteira dando um jeito de se livrar do novo companheiro de viagem.
Eles são desafiados o tempo todo.
O que você acha de sermos como peixes em tanques de pesqueiros japoneses?
Ao invés de evitar desafios e desconfortos, encare-os, mesmo que pareçam numerosos e maiores que você. Não desista. Coloque mais determinação nas suas atitudes, busque novos conhecimentos, não se acomode. Mantenha o frescor da vida a todo custo. Todos nós temos recursos e habilidades para acertar em nossos propósitos. A grande questão é continuar tentando como se fosse a primeira vez.
Tem uma porção de gente querendo nos dizer que é difícil, ou até mesmo impossível. Não dê ouvidos a este tipo de pessoa.
Que disse que você não consegue?
Outra coisa: se você não decidir seus caminhos, tem outra porção de gente que está disposta a decidir por você.
Thomas Edison (1847-1931), o inventor da lâmpada elétrica, é considerado por muitos o maior inventor de todos os tempos. A ele são atribuídas mais de 1300 invenções e patentes.
Certa vez Thomas foi entrevistado por um jovem repórter que, na verdade, fez um verdadeiro interrogatório sobre sua última invenção na qual vinha trabalhando há muito tempo.
O repórter perguntou:
- Sr. Edison, como o senhor se sente após ter fracassado 9.999 vezes na tentativa de inventar algo novo?
E Thomas Edison respondeu:
- Meu jovem, na verdade não fracassei em nada nestas 9.999 vezes tentativas. Muito pelo contrário! O que fiz foi descobrir com sucesso, 9.999 razões que impossibilitam o funcionamento da invenção.
Na verdade, sabe-se que Thomas Edison tentou mais de 14 mil vezes até conseguir inventar e aperfeiçoar a lâmpada incandescente, sua criação mais conhecida.
L. Ron Hubbard, na década de 1950, observou que “estranhamente o homem progride somente perante um ambiente desafiador”.
Quanto mais persistente e competitivo você está, mais gosta de enfrentar um bom problema. Você fica mais empenhado em concretizar seu objetivo, mais determinado, energizado, mais VIVO.
Se precisar, peça ajuda. Não há nada de errado nisso.

Conte sempre com um Personal Coach.
Saiba como o processo de Coaching pode te ajudar. Agende um encontro comigo sem compromisso.
Ligue (011) 6450 7411 begin_of_the_skype_highlighting            (011) 6450 7411      end_of_the_skype_highlighting ou
Escreva para: paulo.jpk@gmail.com


Adaptação de Paulo Kim de um texto de MBA

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O sucesso de uma vida conjugal


Gary Chapman diz: “Most of us are self-centered. We focus on our goals. Often we reach those goals and lose our marriage. There is a better way! Focus on helping your spouse succeed. Find out their aspirations and how you can help. The Scriptures say, “It is more blessed to give than to receive.” That principle is true in marriage. Learn the joy of helping your spouse succeed”.
A maioria de nós somos egoístas. Concentramos-nos em nossos objetivos. Muitas vezes nós alcançamos as nossas metas e perdemos o nosso casamento. Existe um caminho melhor. Concentre-se em ajudar ao seu cônjuge a alcançar o sucesso. Descubra as suas aspirações e veja como você pode ajudar. A Palavra nos diz: “é melhor dar do que receber”. Este é um dos verdadeiros princípios no casamento. Aprenda a alegria de ajudar o seu cônjuge a alcançar o sucesso.

O segundo princípio é: o primeiro passo para controlar a sua raiva é restringindo a sua resposta imediata.

When a marriage begins to fall apart, it usually beggins with neglet. We stop giving ou attention to each other. Maybe it’s time to plan a “date night” and do something fun together. Get your mind off your problems and focus on what you have in common. If you’ve been arguing, call a truce and share a pizza. Don’t continue drifting apart. It’s worth the effort”.
Quando um matrimônio começa a se desmoronar, normalmente se começa com a negligência. Deixamos de dar a atenção para o outro. Talvez seja a hora de planejar sair à noite e fazer algo divertido juntos. Deixe os seus problemas de lado e enfoque-se em naquilo que vocês têm em comum. Se você discutiu, chame para uma trégua e compartilhe uma pizza. Não continue se afastando. Vale a pena o esforço.

Most of us are not good listeners. We often respond to our spouse’s ideas before we fully understand them. We end up in argument that leaves both of us frustrated. Learning to ask: “Are you saying…?” And letting your spouse clarify leads to understanding. Once we understand, we can make an informed response. Few things are more powerful than learning to listen to your spouse”.
Nós não somos bons ouvintes. Já respondemos as idéias dos nossos cônjuges antes de compreendê-las completamente. Acabamos com um argumento que deixamos ambos frustrados. Aprenda a perguntar: “Você quis dizer...?”. E permita que o seu cônjuge te esclareça a sua compreensão. Uma vez que compreendemos, podemos dar uma resposta congruente. Poucas coisas são tão poderosas quanto ao aprendizado de ouvir ao seu cônjuge.

Extraído do livro “As cinco linguagens do amor”.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A felicidade

O lugar onde você está é o lugar em que floresce.
Existem três tipos de felicidades:
a) A minha existência neste mundo é a felicidade;
b) O fato de poder fazer algo é a felicidade;
c) Ter alguém com quem se relacionar é a felicidade.

Quando o coração doer
Tenho decidido em viver a cada dia;
Quando o corpo doer muito
Tenho decidido viver a cada momento.

Tenho decidido me lembrar dos momentos gratificantes
Como também dos momentos em que amei;
Decidi que em circunstância alguma
Não culparei o outro.
Apenas tenho decidido de olhar para o meu ser silenciosamente.

Quando pensar que somente o dia dado a mim
É toda a minha vida, então
A felicidade vem sorrindo na minha direção.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Da solidão para a solitude

Jesus nos chama da solidão para a solitude. O medo de ficarem sozinhas petrifica as pessoas. Uma criança que muda para uma nova vizinhança diz, em soluços, para sua mãe: “Ninguém brinca comigo.”
Uma caloura na faculdade suspira pelos dias de ginásio quando era o centro de atenção: “Agora sou uma figura apagada.” Um executivo abatido no escritório, poderoso, não obstante, sozinho. Uma senhora idosa reside em um asilo aguardando a hora de ir para o “Lar”.
Nosso medo de ficarmos sozinhos nos impulsiona para o barulho e para as multidões. Conservamos uma constante torrente de palavras mesmo que sejam ocas. Compramos rádios que prendemos ao nosso pulso ou ajustamos ao nossos ouvidos de sorte que, se não houver ninguém por perto, pelo menos não estamos condenados ao silêncio.
T. S. Eliot analisou muito bem nossa cultura quando disse: “Onde deve encontrado o mundo em que ressoará a palavra? Aqui não pois não há silêncio suficiente.”
Mas a solidão ou o barulho não são nossas únicas alternativas. Podemos cultivar uma solitude e um silêncio interior que nos livra da solidão e do medo. Solidão é o vazio interior. Solitude é realização interior. Solitude não é, contudo, um lugar, mas um estado da mente e do coração.
Há uma solitude do coração que pode ser mantida em todas as ocasiões. As multidões, ou a sua ausência, têm pouco que ver com este estado atentivo interior. É perfeitamente possível ser um eremita e viver no deserto e nunca experimentar a solitude. Mas se possuirmos solitude interior nunca teremos medo de ficar sozinhos, pois sabemos que não estamos sós.
Nem tememos estar com outros, pois eles não nos controlam. Em meio ao ruído e confusão encontramos calma num profundo silêncio interior.
A solitude interior há de manifestar-se exteriormente. Haverá a liberdade de estar sozinhos, não para nos afastarmos das pessoas, mas para poder ouvi-las melhor. Jesus viveu em “solitude do coração” interior.
Também freqüentemente experimentou solitude exterior. Ele começou seu ministério passando quarenta dias sozinho no deserto (Mateus 4:1-11).
Antes de escolher os doze, ele passou a noite inteira sozinho no monte deserto (Lucas 6:12). Quando recebeu a notícia da morte de João Batista, Jesus “retiro-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte” (Mateus 14:13).
Após a alimentação miraculosa dos cinco mil, Jesus mandou que os discípulos partissem; então ele despediu as multidões e “subiu ao monte a fim de orar sozinho...”(Mateus 14:23). Após uma longa noite de trabalho, “Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto, e ali orava”(Marcos 1:35).
Quando os doze retornaram de uma missão de pregação e curas, Jesus os instruiu: “Vinde repousar um pouco, à parte...” (Marcos 6:31). Depois da cura de um leproso, Jesus “se retirava para lugares solitários, e orava” (Lucas 5:16). Com três discípulos ele buscou o silêncio de monte solitário como palco para a transfiguração (Mateus 17:1-9).

Enquanto se preparava para sua mais sublime e mais santa obra, Jesus buscou a solitude do jardim do Getsêmani (Mateus 26:36-46). Pode-se prosseguir, mas talvez isto seja suficiente para mostrar que a busca de um lugar solitário era uma prática regular de Jesus. Igualmente deve ser conosco.
Em Life Together (Vida Juntos), Dietrich Bonhoeffer deu a um de seus capítulos o título de “O Dia Juntos”, e com percepção intitulou a capítulo seguinte “O Dia Sozinho”. Ambos são fundamentais para o êxito espiritual. Escreveu ele:
Aquele que não pode estar sozinho, tome cuidado com a comunidade... Aquele que não está em comunidade, cuidado com o estar sozinho...Cada uma dessas situações tem, de si mesma, profundas ciladas e perigos.
Quem desejar a comunhão sem solitude mergulha no vazio de palavras e sentimentos, e quem busca a solitude sem comunhão perece no abismo da vaidade, da auto-enfatuação e do desespero.
Portanto, se desejarmos estar com os outros de modo significativo, devemos buscar o silêncio recriador da solitude. Se desejamos estar sozinhos em segurança, devemos buscar a companhia e a responsabilidade dos outros. Se desejamos viver em obediência, devemos cultivar a ambos.
Solitude e silêncio
Sem silêncio não há solitude. Muito embora o silêncio às vezes envolva a ausência de linguagem, ele sempre envolve o ato de ouvir. O simples refrear-se de conversar, sem um coração atento a voz de Deus, não é silêncio.
Devemos entender a ligação que há entre a solitude interior e silêncio interior. Os dois são inseparáveis. Todos os mestres da vida interior falam dos dois de um só fôlego.
Por exemplo, a Imitação de Cristo, que tem sido obra prima incontestável da literatura devocional durante cinco séculos, tem uma seção intitulada “Do amor da solidão e do silêncio”.
Dietrich Bonhoeffer faz os dois um todo inseparável em Vida Juntos, como o faz Thomas Merton em Thoughts in Solitude (Pensamentos em Solitude). Com efeito, lutamos por algum tempo tentando resolver se daríamos a este capítulo o título de Disciplina da solitude ou Disciplina do silêncio, tão estritamente ligados são os dois em toda a importante literatura devocional.
Devemos, pois, necessariamente entender e experimentar o poder transformador do silêncio se desejarmos conhecer a solitude.
Diz um antigo provérbio: “O homem que abre a boca, fecha os olhos!” A afinidade do silêncio e da solitude é poder ouvir. O controle, e não a ausência de ruído, é a chave do silêncio. Tiago compreendeu claramente que a pessoa capaz de controlar a língua é perfeita (Tiago 3:1-12).
Sob a Disciplina do silêncio e da solitude aprendemos quando falar e quando refrear-nos de falar. A pessoa que considera as Disciplinas como leis, sempre transformará o silêncio em algo absurdo: “Não falarei durante os próximos quarenta dias!” Esta é sempre uma grave tentação para o verdadeiro discípulo que deseja viver em silêncio e solitude.
Thomas de Kempis escreveu: “É mais fácil estar totalmente em silêncio do que falar com moderação”. O sábio pregador de Eclesiastes disse que há “tempo de estar calado, e tempo de falar”(Eclesiastes 3:7). O controle é a chave.
As analogias que Tiago faz do leme e dos freios, sugerem que a língua tanto guia como controla. Ela guia nosso curso de muitas formas. Se contamos uma mentira, somos levados a contar mais mentiras para encobrir a primeira. Logo somos forçados a comportar-nos de modo a darmos crédito à mentira. Não admira que Tiago tenha dito: “a língua é fogo” (Tiago 3:6).
A pessoa disciplinada é a que pode fazer o que precisa ser feito quando precisas ser feito. O que caracteriza uma equipe de basquetebol num campeonato é ser ela capaz de marcar pontos quando necessários.
Muitos de nós podemos encestar a bola, mas não o fazemos quando necessário. Do mesmo modo, uma pessoa que está sob o Disciplina do silêncio é a que pode dizer o que necessita ser dito.
“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo”(Provérbios 25:11). Se ficamos calados quando deveríamos falar, não estamos vivendo na Disciplina do silêncio. Se falamos quando deveríamos estar calados, novamente erramos o alvo.
O Sacrifício de Tolos
Lemos em Eclesiastes : “ Chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos” (Eclesiastes 5:1). O sacrifício de tolos é conversa religiosa de iniciativa humana.
O pregador continua: “Não te precipites com tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu na terra; portanto sejam poucas as tuas palavras”(Eclesiastes 5:2).
Quando Jesus tomou a Pedro, Tiago e João e os levou ao monte e foi transfigurado diante deles, Moisés e Elias apareceram e entabularam a conversa com Jesus. O texto grego prossegue: “E respondendo, Pedro disse-lhes... se queres farei aqui três tendas...”(Mateus 7:14). Isto é tão expressivo. Não havia alguém falando com Pedro. Ele estava oferecendo sacrifícios de tolos.
O Diário de John Woolman contém um comovente e terno relato da aprendizagem do controle da língua. Suas palavras tão expressivas que é melhor citá-las aqui:
Eu ia a reunião num terrível estado mental, e me esforçava por estar interiormente familiarizado com a linguagem do verdadeiro Pastor. Um dia, encontrando-me sob forte operação do espírito, levantei-me e disse algumas palavras numa reunião; mas não me mantendo junto à abertura Divina falei mas do que era exigido de mim.
Percebendo logo meu erro, fiquei com a mente aflita algumas semanas, sem nenhuma luz ou consolo, ao ponto mesmo de não encontrar satisfação em nada. Lembrava-me de Deus, e ficava perturbado, e no auge de minha tristeza ele teve piedade de mim e enviou o Consolador.
Então senti o pecado de minha ofensa; minha mente ficou calma e tranqüila, e senti-me verdadeiramente grato ao meu gracioso Redentor por suas misericórdias.
Cerca de seis meses após este incidente, sentindo aberta a fonte de amor Divino, e interesse por falar, proferi umas poucas palavras em uma reunião, nas quais encontrei paz.
Sendo assim humilhado e disciplinado sob a cruz, minha compreensão tornou-se mais fortalecida para distinguir o espírito puro que interiormente se move sobre o coração, que me ensinou a esperar em silêncio, `às vezes durante muitas semanas, até que senti aquele fluxo quer prepara a criatura para [posicionar-se como uma trombeta, através da qual o Senhor fala ao seu rebanho.
Que descrição do processo de aprendizado pelo qual se passa na Disciplina do silêncio! De particular significado foi o aumento de sua capacidade, proveniente desta experiência, de “distinguir o espírito puro que interiormente se move sobre o coração”.
Um motivo de quase não agüentarmos permanecer em silêncio é que ele nos faz sentir tão desamparados. Estamos demais acostumados a depender das palavras para manobrar e controlar os outros. Se estivermos em silêncio, quem assumirá o controle? Deus fará isto; mas nunca deixaremos que ele assuma o controle enquanto não confiarmos nele.
O silêncio está intimamente relacionado com a confiança. A língua é nossa mais poderosa arma de manipulação. Uma frenética torrente de palavras flui de nós porque estamos num constante processo de ajustar nossa imagem pública.
Tememos muito o que pensamos que as outras pessoas vêem em nós, de modo que falamos a fim de corrigir o entendimento delas. Se fiz alguma coisa errada e descubro que você sabe disso, serei muito tentado a ajudá-lo a entender minha situação!
O silêncio é uma das mais profundas Disciplinas do Espírito simplesmente porque ela põe um paradeiro nisso. Um dos frutos do silêncio é a liberdade de deixar que nossa justificação fique inteiramente com Deus.
Não temos necessidade de corrigir os outros. Há uma história de um monge medieval que estava sendo injustamente acusado de certos erros.
Certo dia ele olhava pela janela e viu lá fora um cachorro a morder e rasgar um tapete que havia sido pendurado para secar. Enquanto ele observava, o Senhor falou-lhe, dizendo: “É isso que estou fazendo com sua reputação.
Mas se você confiar em mim, não terá necessidade de preocupar-se com as opiniões dos outros”. Talvez, mais do que qualquer outra coisa, o silêncio leva-nos a crer que Deus pode justificar e endireitar tudo.
George Fox falava com freqüência do “espírito de escravidão”(Romanos 8:14), e de como o mundo jaz nesse espírito.
Freqüentemente ele identificava o espírito de escravidão com o espírito de subserviência a outros seres humanos. Em seu Diário ele falava de “ajudar as pessoas a escapar dos homens”, afastá-las do espírito de escravidão à lei mediante outros seres humanos. O silêncio é o principal meio de conduzir-nos a esse livramento.
A língua é um termômetro; ela diz qual é a nossa temperatura espiritual. Ela é, também, um termostato; controla nossa temperatura espiritual. O controle da nossa língua pode significar tudo.
Temos nós sido libertados de modo que podemos controlar nossa língua? Bonhoeffer escreveu: “O silêncio verdadeiro, a verdadeira tranqüilidade, o controle real da língua manifesta-se somente como a sóbria conseqüência da calma espiritual”.
Relata-se que Dominic fez uma visita a Francisco de Assis e durante todo o encontro nenhum deles proferiu uma única palavra. Somente quando tivermos aprendido a estar verdadeiramente calados ‘é que estaremos capacitados para proferir a palavra necessária no momento oportuno.
Catherine de Haeck Doherty escreveu: “Tudo em mim é silente... e estou imersa no silêncio de Deus”. É na solitude que chegamos a experimentar o “silêncio de Deus” e assim receber o silêncio interior que é o anseio de nosso coração.
A Noite Escura da Alma
Levar a sério a Disciplina da solitude significará que em algum ponto ou pontos no curso da peregrinação entraremos no que S. João da Cruz vividamente descreveu como “a noite escura da alma”.
A “noite escura” para a qual ele nos chama não é algo mau ou destrutivo. Pelo contrário, é uma experiência a ser recebida com agrado do mesmo modo que uma pessoa enferma receberia com agrado uma cirurgia que promete saúde e bem-estar. A finalidade da escuridão não é castigar-nos ou afligir-nos. É libertar-nos.
Que significa entrar na noite escura da alma? Pode ser um senso de aridez, de depressão, até mesmo o de sentir-se perdido. Ela nos despoja de dependência excessiva à vida emocional..
A noção, tantas vezes ouvida hoje, de que tais experiências podem ser evitadas e que devíamos viver em paz e conforto, alegria e celebração, só revela o fato de que muito da experiência contemporânea não passa de sentimentalismo superficial.
A noite escura é um dos meios de Deus levar-nos à tranqüilidade, à calma, de modo que ele possa operar a transformação interior da alma.
Como se expressa essa noite na vida diária? Quando se busca seriamente a solitude, geralmente há um fluxo de êxito inicial e então um desânimo inevitável e com ele um desejo de abandonar por completo a busca. Os sentimentos vão-se embora e fica o senso de que não alcançamos Deus. S. João da Cruz descreveu-o deste modo:
...a escuridão da alma mencionada aqui... põe os apetites sensórios e espirituais a dormir, amortece-os e os priva da capacidade de encontrar prazer em qualquer coisa. Ata a imaginação e impede-a de fazer qualquer bom trabalho discursivo.
Ela faz cessar a memória, faz o intelecto tornar-se obscuro e incapaz de entender qualquer coisa, e daí levar a vontade também a tornar-se árida e constrita, e todas as faculdades vazias e inúteis. E acima de tudo isto, paira uma densa e cansativa nuvem que aflige a alma e a conserva afastada de Deus.
Em seu poema “Canciones del Alma”, S. João da Cruz usou duas vezes a frase: “Estando minha casa agora totalmente calada”. Nessa expressiva linha ele indicava a importância de silenciar todos os sentidos físicos, emocionais, psicológicos, e mesmo espirituais.
Toda distração do corpo, mente e espírito deve ser posta numa espécie de animação suspensa antes que possa ocorrer esta profunda obra de Deus na alma. O anestésico deve fazer efeito antes que se realize a cirurgia.
Virá o silêncio, a paz, a tranqüilidade interiores. Durante esse tempo de escuridão, a leitura da Bíblia os sermões, o debate intelectual_ tudo falhará em comover ou emocionar.
Quando o amoroso Deus nos atrai para uma escura noite da alma, muitas vezes somos tentados a culpar todo o mundo e todas as coisas por nosso entorpecimento interior e procuramos livrar-nos dela.
O pregador é maçante. O cântico de hinos é tão fraco. Talvez comecemos a andar por aí à procura de uma igreja ou de uma experiência que nos dê “arrepios espirituais”. Esse é um grave engano.
Reconheça a noite escura pelo que ela é. Seja agradecido porque Deus o está amorosamente desviando de toda distração, de modo que você possa vê-lo. Em vez de ridicularizar e brigar, acalme-se e espere.
Não estou aqui a falar de entorpecimento espiritual que vem como resultado de pecado ou desobediência. Falo da pessoa que busca a Deus com afã e não abriga pecado conhecido em seu coração.
Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu Servo que andou em trevas sem nenhuma luz, e ainda confiou em nome do Senhor e se firmou sobre o seu Deus? (Isaías 50:10)
O ponto da passagem bíblica é que é perfeitamente possível temer, obedecer, confiar e firmar-se no Senhor e ainda “andar em trevas sem nenhuma luz”. A pessoa vive em obediência mas entrou numa noite escura da alma. S. João da Cruz disse que durante esta experiência há uma graciosa proteção contra vícios e um maravilhoso progresso nas coisas do reino de Deus.
Se uma pessoa na hora dessas trevas observar bem de perto, verá com clareza quão pouco os apetites e as faculdades se distraem e como ela está segura de evitar vanglória, orgulho e presunção, alegria vazia e falsa, e muitos outros males.
Pelo andar em escuridão a alma não somente evita extraviar-se mas avança rapidamente, porque assim ela adquire virtudes.
Que deveríamos fazer durante essa época de aflição interior? Primeiro, não leve em consideração o conselho dos amigos bem-intencionados de livrar-se da situação. Eles não entendem o que está acontecendo. Nossa época é tão ignorante destas coisas que não lhe recomendo conversar sobre esses assuntos.
Acima de tudo, não tente explicar nem justificar por que você parece estar “aborrecido”. Deus é seu justificador; entregue seu caso a ele. Se você pode, realmente, retirar-se para um “lugar deserto” durante algum tempo, faça-o. Se não, cumpra suas tarefas diárias.
Mas, esteja no “deserto” ou em casa, mantenha no coração um profundo, interior e atencioso silêncio - e haja silêncio até que a obra da solitude se complete.
Talvez S. João da Cruz tenha estado a conduzir-nos a águas mais profundas do que cuidássemos ir. Por certo ele não está falando de um reino que muitos de nós vemos apenas “como em espelho, obscuramente”.
Não obstante, não temos necessidade de censurar-nos por nossa timidez de escalar esses picos nevados da alma. Esses assuntos são mais bem tratados com cautela.
Mas talvez ele tenha provocado dentro de nós uma atração por experiências mais elevadas, mais profundas, não importa quão leve o puxão. É como abrir levemente a porta de nossa vida a este reino. Isto é tudo o que Deus pede, e tudo o que ele necessita.
Para concluir nossa viagem na noite escura da alma, ponderemos estas palavras poderosas de nosso mentor espiritual:
Oh, então, alma espiritual. Quando vires teus apetites obscurecidos, tuas inclinações secas e constritas, tuas faculdades incapacitadas para qualquer exercício interior, não te aflijas; pensa nisto como uma graça, visto que Deus te está libertando de ti mesma e tirando de ti tua própria atividade.
Conquanto tuas ações possam ter alcançado bom êxito, não trabalhaste tão completa, perfeita, e seguramente – devendo à impureza e inabilidade de tais ações – como fazes agora que Deus te toma pela mão e te guia na escuridão, como se fosses cega, ao longo de um caminho e para um lugar que não conheces. Nunca terias tido êxito em alcançar este lugar, não importa quão bom sejam teus olhos e teus pés.
Passos Para a Solitude
As Disciplinas Espirituais são coisas que fazemos. Nunca devemos perder de vista esse fato. Podemos falar piedosamente acerca da “solitude do coração”, mas se isto, de certo modo, não abrir caminho para nossa experiência, então erramos o alvo das Disciplinas.
Estamos lidando com ações, e não apenas com estados mentais. Não é suficiente dizer: “Bem, muito certamente estou na posse da solitude e silêncios interiores; não há nada que eu necessite fazer”.
Todos quantos chegaram aos silêncios vivos fizeram determinadas coisas, ordenaram suas vidas de uma forma especial, de modo que recebessem a “paz de Deus, que excede todo o entendimento”. Se desejamos ter êxito, devemos ir além do teorético para as situações da vida.
Quais são alguns passos para a solitude? A primeira coisa que podemos fazer é tirar vantagem das “pequenas solitudes” que enchem nosso dia.
Consideremos a solitude daqueles primeiros momentos matutinos na cama, antes que a família desperte. Pense na solitude de uma xícara de café pela manhã, antes de começar o trabalho do dia.
Existe a solitude de pára-choque de um carro junto ao pára-choque de outro durante a correria do tráfego na hora de mais movimento.
Pode haver poucos momentos de descanso e refrigério quando dobramos um esquina e vemos uma flor ou uma árvore. Em vez da oração audível antes de uma refeição, considere convidar a todos para reunir-se em uns poucos momentos de silêncio.
De quando em quando, dirigindo um carro lotado de crianças e adultos conversadores, eu exclamava: “Vamos brincar de fazer silêncio e ver se ficamos absolutamente calados até chegarmos ao aeroporto” (cerca de cinco minutos adiante). Funcionava.
Saia um pouquinho antes de ir deitar-se, e prove a noite silenciosa.
Muitas vezes perdemos esses pequeninos lapsos de tempo. Que pena! Eles podem e deveriam ser redimidos. São momentos para silêncio interior, para reorientar nossas vidas como o ponteiro de uma bússola. São pequenos momentos que nos ajudam a estar genuinamente presentes onde estamos. Que mais podemos fazer? Podemos encontrar ou criar um “lugar tranqüilo” para silêncio e solitude.
Constantemente estão sendo construídas novas casas. Porque não insistir que um pequeno santuário interior seja incluído nas plantas, um pequeno lugar onde um membro da família possa estar a sós em silêncio? Que é que nos impede? Construímos esmeradas salas de estar, e achamos que vale a pena a despesa. Se você já possuiu uma casa, considere murar uma pequena seção da garagem ou do pátio.
Se mora num apartamento, seja criativo e ache outros meios de permitir-se a solitude. Sei de uma família que tem uma cadeira especial; sempre que uma pessoa se assenta nela, é como estar dizendo: “Por favor, não me amole; quero estar a sós”.
Encontre lugares fora de sua casa: um local num parque, o santuário de uma igreja (dessas que mantêm abertas sua portas), mesmo um depósito em algum lugar. Um centro de retiro perto de nós construiu uma bonita cabana para uma pessoa, especificamente para meditação particular e solitude. Chama-se “Lugar Tranqüilo”.
As igrejas investem somas enormes de dinheiro em edifícios. Que tal construir um lugar aonde alguém possa ir para estar a sós durante alguns dias? Catherine de Haeck Doherty foi pioneira no desenvolvimento de Poustinias (palavra russa que significa “deserto”) na América do Norte.
São lugares destinados especificamente para solitude e silêncio.
No capítulo sobre estudo, consideramos a importância de observar a nós mesmos para ver com que freqüência nossa conversa é uma tentativa frenética de explicar e justificar nossas ações.
Tendo observado isto em você mesmo, experimente praticar ações sem nenhuma palavra de explicação. Note seu senso de temor de que as pessoas entendam mal por que você fez o que fez. Tente deixar que Deus seja seu justificador.
Discipline-se de modo que a suas palavras sejam poucas mas digam muito. Torne-se conhecido como uma pessoa que, quando fala, sempre tem algo a dizer. Mantenha clara sua linguagem. Faça o que diz que fará. “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (Eclesiastes 5:5).
Quando a língua se encontra sob a nossa autoridade, as palavras de Bonhoeffer se tornam verdadeiras em relação a nós: “Muita coisa desnecessária fica por dizer. Mas a coisa essencial e útil pode ser dita em poucas palavras”.
Dê outro passo. Tente viver um dia inteiro sem proferir palavra alguma. Faça-o, não como uma lei, mas como um experimento. Note seus sentimentos de desamparo e excessiva dependência das palavras para comunicar-se. Procure encontrar novos meios de relacionar-se com outros, que não dependam de palavras. Aproveite, saboreie o dia.Aprenda com ele.
Quatro vezes por ano retire-se durante três a quatro hora com a finalidade de reorientar os alvos de sua vida. Isto pode ser facilmente feito em uma noite. Fique até tarde no escritório, faça-o em casa, ou procure um canto sossegado em uma biblioteca pública. Reavalie suas metas e objetivos.

Que é que você deseja ser ver realizado daqui a um ano? Daqui a dez anos? Nossa tendência é superestimar em alto grau o que podemos realizar em dez. Estabeleça metas realistas, mas esteja disposto a sonhar, a esforçar-se. No sossego dessas breves horas, ouça o trovão da voz de Deus. Mantenha um registro diário do que lhe acontece.
A reorientação e fixação de metas não precisam ser frias e calculadas, como alguns imaginam, feitas com uma mentalidade de análise de mercado. Pode ser que ao entrar num silêncio atento, você receba a deliciosa impressão de que este ano deseja aprender a tecer ou trabalhar com cerâmica.
Essa lhe parece uma meta muito terrestre, anti-espiritual? Deus está intencionalmente interessado em tais questões. Está você? Talvez deseje aprender (experimentar) mais acerca dos dons espirituais de milagres, de cura e de línguas. Ou você pode fazer como um amigo que sei que está gastando longos períodos de tempo experimentando o dom de socorros, aprendendo a ser servo.
Talvez no próximo ano você gostaria de ler todas as obras de C. S. Lewis ou de D. Elton Trueblood. A escolha desses alvos soa-lhe como jogo de manipulação de um vereador? Claro que não. Não se trata de meramente estabelecer uma direção para a sua vida. Você está indo para algum lugar, por isso é muito melhor ter uma direção fixada pela comunhão com o Centro divino.
Na Disciplina do estudo examinamos a idéia de retiros de estudos de dois ou três dias. Tais experiências, quando combinadas com uma imersão interior no silêncio de Deus, são enaltecidas. À semelhança de Jesus, devemos afastar-nos das pessoas de modo que possamos estar verdadeiramente presentes quando estivermos com elas. Faça um retiro uma vez por ano, sem outro propósito em mente que não a solitude.
O fruto da solitude é o aumento de sensibilidade e compaixão por outros. Surge uma nova liberdade para estar com as pessoas. Há uma nova atenção para com suas necessidades, nova responsividade para com suas mágoas. Thomas Merton observou.
É na profunda solitude que encontro a afabilidade a qual posso verdadeiramente amar a meus irmãos. Quanto mais solitário estou, tanto mais afeição eu sinto por eles. É pura afeição e cheia de reverência pela solitude dos outros. Solitude e silêncio ensinam-me a amar a meus irmãos pelo que eles são, e não pelo que dizem.
Não sente você um toque, um anseio de aprofundar-se no silêncio e solitude de Deus? Não deseja uma exposição mais profunda, mais completa à Presença de Deus? A Disciplina da solitude é que abrirá a porta. Você está convidado a vir e “ouvir a voz De Deus em seu silêncio todo-abrangente, maravilhoso, terrível, suave e amoroso”.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Descontinuidade

“Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontrará; e àquele que bate, a porta será aberta”.
(Mateus 7:7-8 – NVI)

As conquistas honestas enaltecem e coroam os esforços de quem as buscou com firme confiança e determinismo. No entanto, em meio do caminho, por circunstâncias outras, as cálidas vitórias escaparam uma a uma. O saldo aponta estrago sem conta envolto por um imenso e doloroso vazio.
Essa realidade, não rara, alcança a vida de muitos. Parece-nos que o modelo da oração colocada acima se aplica especificamente para uma alma ávida em refazer o terreno perdido. De igual modo, num segundo estágio – o da reconquista – a mesma oração deixa transparecer que a luta será desafiadora, difícil. O Senhor, ao ensiná-la, a fez olhando para os seus amados quando envolvidos em precárias condições. “E encontrareis descanso para as vossas almas”. Jesus prometeu!
Resta saber qual a direção a tomar para a volta confiável. Sem dúvida o melhor caminho é o percorrê-lo todo, mas em sentido contrário. Com muita propriedade o profeta aconselhou: “Coloque marcos e ponha sinais nas estradas. Preste atenção no caminho que você trilhou. Volte, ó Virgem Israel! Volte para as suas cidades” (Jeremias 31:21 – NVI). Nesse novo caminhar – o que quem volta – alguns marcos foram cravadas na ida assinalando as derrotas sofridas e as suas causas. Em meio ao infortúnio, atabalhoado, fica a imaginar qual a direção segura a seguir para a volta sem percalços. Um pouco antes da difícil escolha, a indicação salvadora. “Quem busca encontra ‘Jesus’”.
O Filho Pródigo, longe de casa, sem esperança, desacreditado de si próprio, ilustra a oração da busca das pedras. O rapaz percorreu o mesmo caminho e reencontrou o lar, um dos bens perdidos. Apesar de calorosamente recebido pelo pai, precisava refazer o estrago deixado. As almas sinceramente arrependidas, ardendo em fé se refazem primeiramente a si mesmas. O grande “novelo encastoado”, envolto em pecados sem conta, pela graça, recomeça a desatar dando à reconquista da continuidade o retorno vitorioso. “A quem bate, abrir-se-lhe-á”, Palavra de Jesus!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Deus acolhe ao pecador arrependido

No filme ‘Mission’ (Missão), Mendoza, quem era o comerciante espanhol de escravos, consegue fazer grandes riquezas com o produto de sua atividade. Mas sofre extremamente pelo remorso da sua consciência e entra numa crise moral e espiritual. O padre Gabriel, líder de uma organização missionária, diz-lhe para que procure às pessoas que ele maltratou e vendeu como escravos e que os ajude por meio de seu serviço. Mendoza une-se a esta organização missionária. Sobe escarpado e atravessa bosques para encontrar-se com os nativos. Leva consigo os poucos pertences que tinha.
Carregava com muito esforço sobre as suas costas, o pesado armamento e a espada que antes usava. Uma vez no povo, os nativos saem ao seu encontro dando-lhe as boas-vindas. Mas, ao ver a Mendoza, que antes os caçava para vendê-los, mostraram-se aterrorizados. Uma pessoa toma uma faca e se aproxima dele. Mendoza se ajoelha. O peso da bolsa que contém a causa do seu remorso causa uma dor muito aguda sobre os seus ombros. Levanta o rosto expressando que está pronto para receber o castigo merecido. O homem do povo levanta a faca e a deixa cair. Mas, em vez de cortar a cabeça de Mendoza, corta a bolsa que ele levava. A bolsa cai e rola sobre o solo. A cena muda-se com as atitudes de Mendoza. Havia-se ajoelhado como um homem com feridas, mas agora se levanta restaurado. Ele, que antes se encontrava destruído, agora se levanta íntegro e santificado.
Isto é o que Deus faz conosco. A santidade de Deus pode causar feridas e sofrimentos, mas quando nos submetemos a Deus, Ele corta as cargas que levamos, queima o pecado e nos traz a liberdade.
Sem dúvida alguma, o pecado pode nos afastar de Deus, mas, Ele sempre está pronto para derramar a Sua graça e a Sua misericórdia para com os Seus filhos amados. É apenas uma questão de se humilhar diante dEle e reconhecer os meus erros e Ele será misericordioso e Se alegrará em nos acolher.
Pr. Paulo Kim