TANATOLOGIA
INTRODUÇÃO:
Através do tempo os carros funerários têm-se mudado. Maca, Trenó, Carroça e hoje o Cadillac (Mercedes preto). Dentro do hospital constatamos esta realidade de acordo com o nível social. Mas o cadáver que eles levam é o mesmo.
Os panteões, os túmulos milionários, as cerimônias, os avanços científicos não conseguem mudar a morte. Tudo muda, mas, assim como o nascimento, a morte é imutável, é igual para todos, não existe discriminação social, ela é totalmente democrática.
O rei Davi dizia: “Terrores da morte se aproximam, temor e tremor me sobrevêm e o horror apodera-se de mim”. A morte é o enigma supremo, sempre interrompe e separa.
Martin Heidegger (filósofo alemão) disse: “A morte é algo que ninguém pode fazer por outra pessoa”.
O que buscamos nesta hora não é o falar da morte em si, porque sabemos que na sua essência é boa (descanso, sono, passagem), mas o que mais causa a dor e o sofrimento é o processo dela.
A tanatologia tem uma suma importância no paciente em fases terminais, ao tratar de minimizar seu sofrimento físico e psicológico, assim como a apreensão e os sentimentos de culpa e perda dos familiares, ou seja, já não se busca nesta fase a possibilidade de cura do processo, senão um “alivio” em relação à sua qualidade de vida diante à objeção da morte.
O conceito da qualidade de vida pode parecer extenso ou ambíguo. Se para um fenômeno tão complexo como a vida humana se despoja da sua dimensão temporária (a quantidade), todos os outros atributos deste fenômeno correspondem à qualidade. A qualidade de vida passa ao âmbito da medicina quando se considera que a enfermidade e as intervenções do médico influem tanto sobre a quantidade (sobrevivência) como a qualidade de vida do paciente. A quantidade de vida se expressa na esperança de vida em anos, taxas de mortalidade, mas a qualidade de vida requer de outros indicadores.
Para alguns autores, a definição da qualidade de vida é essencialmente um problema filosófico, “o que constitui a qualidade de vida é uma questão pessoal e individual que leva a uma aproximação filosófica mais do que científica”. Relacionado com isto, tememos que não pudesse identificar-se a um standard de ouro ou um critério externo para sua avaliação. Mas, outros autores consideram que a qualidade de vida pode definir-se e ser avaliada cientificamente.
A formulação de Bigelow inclui os elementos que a maioria dos autores têm considerado relevantes a este conduto: elementos subjetivos e elementos objetivos. O componente subjetivo corresponde às definições unidimensionais ou globais que tem sido propostas por diferentes autores: bem-estar e satisfação. O componente objetivo inclui os fatores que determinam ou influem sobre a percepção que o sujeito tem da qualidade de vida (a presença ou não de sintomas, o funcionamento físico, o apoio social, etc.); estes fatores incluem nas definições multi-dimensionais, úteis no desenvolvimento de instrumentos de avaliação.
Desde o ponto de vista subjetivo, a qualidade de vida tem-se considerado sinônimo do bem-estar: “a qualidade de vida leva em sua essência íntima o conceito do bem-estar. Schmale usa o bem-estar e a qualidade de vida como sinônimos, de forma intercambiável e enfatizam o elemento subjetivo.
Para Szalai, a qualidade de vida é a “avaliação subjetiva do caráter bom ou satisfatório da vida como um todo”. Em seu trabalho sobre o câncer de mama, Kiebert coloca que a qualidade de vida se vê afetada por vários fatores, como bem-estar físico e o bem-estar psicológico, os temores e as preocupações, as interações sociais e o nível de atividade. Mesmo que aparentemente esta seja uma aproximação multidimensional, que começa de uma definição unidimensional, os fatores que mencionam só determinam uma avaliação subjetiva do que se chama qualidade de vida.
Menciona-se que a qualidade de vida inclui os aspectos da vida e a função humana considerada essencial para uma vida plena. Nos pacientes com câncer, alguns autores interpretam isto como a ausência de problemas de ajuste e funcionamentos específicos à enfermidade e o tratamento impõe ao paciente. Assim, mesmo que sejam importantes alguns elementos específicos, como a toxicidade dos medicamentos, por exemplo, os autores enfatizam na experiência total do paciente: “isto implica que a experiência seja avaliada junto com os efeitos do tratamento. Os pacientes podem diminuir suas aspirações e estarem alegres ou satisfeitos mesmo que a sua vida esteja deteriorada.
Se considerar que a qualidade de vida seja uma valorização subjetiva, não podem omitir os valores do paciente. Em algumas condições, existe certo consenso sobre o que se considera objetivamente melhor; mas, este não parece fazer justiça ao direito do paciente de valorizar a sua própria vida.
Podemos concluir que a qualidade de vida é a avaliação global que o sujeito faz da sua vida, e depende tanto das características do sujeito (demográficas, de personalidade, valores, etc.) como de moduladores externos, como é o caso da enfermidade e do tratamento que esta requer.
Planejar para medir a qualidade de vida dos pacientes com câncer é colocar a definição mesma da medicina. Uma definição comum é que a medicina é “a ciência que tem por objeto a conservação e o restabelecimento da saúde”. Nesta definição distinguem-se duas partes. Na primeira alude-se ao caráter científico e na segunda parte estabelece-se o objetivo da prática médica: o restabelecimento da saúde. Mesmo durante muito tempo prevaleceu a idéia da saúde como ausência de enfermidade, a definição da OMS (1947) amplia o conceito da saúde e lhe adiciona um elemento subjetivo (bem-estar mental) e um elemento social. Este conceito amplo da medicina estabelece-se desde um juramento hipocrático quando alude a evitar toda maldade e dano aos pacientes. Desafortunadamente, pelos efeitos adversos, quase sempre tem certo potencial de dano associado ao de benefício nos tratamentos ante-neoplásicos.
De acordo com o Código Internacional da Ética Médica, o serviço médico, além de competentes, deve proporcionar-se com “compaixão e respeito pela dignidade humana” e “o médico deve respeitar os direitos do paciente”... e “atuar somente no interesse do paciente”.
Em relação aos pacientes com câncer, se os tratamentos se encaminham exclusivamente ao aumento de sua sobrevida, são realmente em interesse do paciente? Isto se vê ainda mais claramente naquelas situações nas que ao ser confrontado o indivíduo sobre sua preferência entre uma vida mais longa com muitas limitações e sofrimentos ou um lapso vital breve, mas com a plenitude de funções e sem mal-estares, com freqüência opta por esta última.
A dimensão subjetiva e social contempla não somente na assistência ao paciente senão também na pesquisa médica. Um dos princípios básicos do Código de Nuremberg é: “O experimento deve ser conduzido de forma tal que evite todo sofrimento ou dano desnecessário físico ou mental”. Na declaração de Helsinki, com modificação na de Tókio, por sua vez, enfatiza a pesquisa clínica associada à atenção profissional: “Durante o tratamento de um paciente, o médico deve ter liberdade para utilizar um novo método diagnóstico ou terapêutico ou se, em sua opinião, dar esperanças de salvar a vida, restabelecer a saúde, ou mitigar o sofrimento”. Pelo que temos mencionado anteriormente, mitigar o sofrimento seria precisamente restaurar a qualidade de vida do paciente. Quando se pretende introduzir uma nova técnica, e em geral qualquer inovação na prática médica, avalia-se os custos, riscos e benefícios, sendo o ponto mais fraco a medição dos benefícios. Limitar-se à sobrevivência, que é uma prática freqüente ainda sendo insuficiente. Em caso das enfermidades crônicas em particular, as intervenções médicas não devem fixar-se só em salvar vida do paciente, mas, em mitigar o sofrimento devido a elas, a melhorar a qualidade de vida. Isto significa que é preciso avaliar a qualidade de vida (conveniência e conforto) para saber que tanto estamos melhorando na atenção que proporcionamos.
Em casos específicos dos pacientes com câncer, tradicionalmente os objetivos dos tratamentos têm sido reduzir os sintomas e prolongar a vida. Mesmo assim, o tempo de sobrevivência não diz nada em relação à qualidade desta. Tem-se proposto avaliar a toxicidade e então se avalia a freqüência, severidade e duração desta, mas não se descrevem as conseqüências pessoais e sociais dos tratamentos. Com o desenvolvimento de tratamentos que produzem efeitos colaterais e benefícios duvidosos, é óbvio a importância de avaliar a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes. Isto é primordial quando o objetivo da intervenção médica é a paliação e não a cura, como acontece com freqüência nos pacientes com câncer.
A maioria dos autores propõem evitar que se chegue a ultrapassar os limites éticos tomando em conta a natureza agressiva dos tratamentos contra o câncer. Quando a paliação é o objetivo principal de um tratamento recomenda-se avaliar o aspecto subjetivo do paciente. Para alguns autores, o significado do termo “paliar” é precisamente preservar a qualidade de vida.
Vários autores têm ressaltado o fato de que em alguns estudos comparativos de tratamento do câncer as diferenças em sobrevivência são poucas e triviais. Por exemplo, as diferenças em sobrevida a cinco anos de pacientes com câncer de mama, submetidas à mastectomia total ou parcial com ou sem radioterapia, têm sido reportadas como mínimas. Em troca, os efeitos sobre outros aspectos, sim, tem a tendência de diferir (níveis de depressão e problemas com a auto-imagem).
Além das diferenças mínimas entre os tratamentos, o tempo em que se pode valorizar o efeito de uma intervenção pode ser muito prolongado; por exemplo, quanto esperar até a sua morte? A diferença destes critérios, a qualidade de vida pode avaliar-se imediatamente, mais próxima à intervenção, e acima de tudo, é relevante para o paciente. Por isso, alguns autores a consideram como a medição mais sensível e poderosa do resultado dos tratamentos.
Em resumo, atualmente temos a tendência de incluir a avaliação da qualidade de vida nos ensaios clínicos. Spitzer ressalta a importância de avaliar “atributos humanos” como a qualidade de vida. Estes atributos têm adquirido importância na avaliação da eficácia de algumas intervenções, e é imprescindível na avaliação de intervenções paliativas. Além da avaliação de inovações na prática médica, a medição da qualidade de vida pode ser útil como referência na toma de decisões clínicas, é prática comum informar ao paciente em quanto a sobrevida, toxicidade, etc., de contar-se com a qualidade de vida, também poderá dar-se ao paciente informação sobre a qualidade de vida esperada com as diferentes intervenções e basear nisto a seleção de tratamento. Todos eles estão inclusos no consentimento informado para o paciente e os familiares, o qual se realiza com o tato e delicadeza suficiente e sempre evitar que se perca a esperança dos afetados.
A qualidade de vida também se tem empregado como um indicador do prognóstico dos pacientes com câncer. Ganz assinala que os fatores não médicos, entre os que incluem a qualidade de vida, têm importância para a sobrevivência, e devem ser avaliados e descritos como potenciais preceptores da sobrevivência. Para o planejamento de serviços de atenção aos pacientes com câncer, também se requer contar com a informação sobre a qualidade de vida, por exemplo, quando a melhoria é limitada e espera que as condições dos pacientes se deteriorem.
Os cuidados paliativos em um paciente na fase terminal dão lugar a que essa pessoa humana seja respeitada os seus direitos, para evitar o encarniçamento terapêutico e permitir morrer com dignidade, sem prolongar-lhe o sofrimento. Em 1963, com a aparição do livro Pain de Bonica, começam a construir grupos de trabalho formado por anestesiologistas, neuro-fisiologistas, ortopedistas e cirurgiões gerais, agrupam-se reconhecendo as causas múltiplas da dor. Finalmente, constituem-se as primeiras clínicas que trabalham de forma multidisciplinar e as primeiras reportagens se publicam no Primeiro Congresso Mundial da Dor em 1975.
Desta forma encontramos nos dias de hoje como grandes avanços a cirurgia da dor, acima de tudo o tratamento da dor em tanatologia. Os milhões de pacientes que morrem no mundo como resultado de enfermidades oncológicas terminais, e aos que nos meses ou anos que lhes falta da vida, agonia e dor, o sofrimento verdadeiramente gigantesco tem-se convertido, graças à combinação dos bloqueios regionais, drogas analgésicas, ansiolíticas e o trabalho médico multidisciplinar, em agonia e mortes dignas não só para o paciente, mas também para a família que o rodeia, cumprindo assim o aforismo de Hipócrates: “Divinum est sedare dolorum”.
Por isso, os objetivos gerais dos cuidados paliativos são:
Assistência humanizada; Não abandono; MORTE DIGNA; Retomar os cuidados do lar; Diminuir os internamentos hospitalares e de urgência, e com eles aperfeiçoar os recursos;
Para isso, se requer a cooperação familiar, ao fazer responsáveis nos cuidados do paciente com:
Limpeza do paciente; Mobilização para evitar complicações pulmonares. Administração de medicamentos; Aspiração de secreções.
A finalidade é:
Controle de sintomas; Planejar atenção; Morrer com dignidade e AMOR em seu lar.
Os benefícios da atenção domiciliar são:
Economia; Maior controle e LIBERDADE; Sentimento de utilidade e de se necessário; Diminui o risco de luto patológico; Ensina muito sobre como viver; A comida é ao gosto, fresca e nutritiva; Não importa o entorno: é a sua casa; Existe maior intimidade.
Morrer em hospital:
Pelo respeito ao desejo do paciente; Ausência de familiares; Se o hospital melhora a qualidade de vida do paciente; Presença de crianças pequenas em casa.
- A DIGNIDADE DA MORTE.
Se existe algo que nós devemos nos preocupar é a perda da dignidade na morte. Antigamente havia um ritual familiar durante a morte, as pessoas morriam em suas casas junto com os seus familiares, onde havia um cerimonial de despedida dos filhos e dos netos.
Hoje a grande maioria das pessoas morrem isoladas numa Unidade de Terapia Intensiva, sem despedidas. A morte passou do lar para o hospital, os médicos, as enfermeiras e as equipes, substituem à família. A isto nós chamamos de: "A SOLIDÃO DA MORTE".
A doutora Elizabeth Kübler-Ross (psiquiatra) disse: “sempre que for possível, deveríamos permitir que os membros da família morressem em casa com a presença da família”.
- COMPREENDENDO OS SENTIMENTOS DO MORIBUNDO.
- Compreender que ele sabe que vai morrer, a percepção do paciente e os conhecimentos dos procedimentos médicos em casos de enfermidades terminais são muito conhecidos. (Os exames, as biópsias, cirurgias, radioterapia, quimioterapia, etc.). Todos os que estão para morrer, o sabem.
Muitas vezes isto é sentido, pela omissão inconsciente da verdade, pela parte dos médicos, enfermeiras, familiares e amigos. A jovialidade forçada, piadas, nervosismo, visitas mais rápidas dos médicos e menos perguntas.
Uma mudança no comportamento dos familiares. Por exemplo: O marido e o seu distanciamento, o beijo na boca, no rosto, na testa, e finalmente um beijo desde a porta.
- Compreender que o processo é mais doloroso do que a própria morte.
Separação e medo de se tornar um peso, muitas vezes uma enfermidade prolongada pode ser desastrosa financeiramente para os sobreviventes, criando conflitos internos nos familiares e no paciente.
Existem também os temores pessoais como o medo à dor, a perda da intimidade pessoal devido aos procedimentos clínicos (a invasão da intimidade, a dependência, a incapacidade de controlar-se por si mesmo e o sentimento de ser um inválido).
- COMPREENDER FALANDO A VERDADE.
Pesquisas demonstram que 90% dos pacientes quiseram saber a verdade pelos médicos, do que descobrir por si mesmo.
a. Para que o paciente possa falar das suas reações com seus familiares sem fingimento. O paciente pode falar livremente de seus temores e sentimentos, e podemos ouvi-los.
b. Ajudar na sua preparação pessoal com os familiares, como papéis legais, finanças, despedidas, desejos e reparação espiritual, como confissão, perdão, etc.
Muitas vezes o pretexto para não dizer a verdade, é uma falsa proteção, que deseja evitar a confrontação e o desespero. É importante que se leve em conta os aspectos psico-cultural, no que se refere a “como dizer”.
Na realidade quem está sendo protegido é a família por causa da dor e o médico, porque a morte para ele significa fracasso.
- COMPREENDENDO O PROCESSO PSICOLÓGICO QUE PASSA NO PACIENTE QUANDO ESTÁ SENDO NOTIFICADO E CONSCIENTE DA SUA MORTE.
A doutora Elizabeth Ross, apresenta cinco estados psicológicos do paciente e seus familiares neste processo (o mesmo se aplica em diferentes situações de perdas).
a. A negação: Não, eu não! Não pode ser verdade!
É acionado o mecanismo da defesa. Todo o paciente passa por esta etapa (busca outros médicos, realizam outros exames, tudo na esperança de um erro, etc.).
O paciente precisa negar para suportar a dura realidade da sua enfermidade. A negação é uma defesa temporária, um choque antes da aceitação parcial.
b. A ira: por que eu? Por que meu filho? Onde pequei?
Os sentimentos da raiva, rebeldia, ciúmes, ressentimentos e os conflitos teológicos são muito comuns nesta etapa. É uma etapa muito difícil para a família e a pessoa hospitalizada.
É acionado o mecanismo de projeção da ira por todos os lados (Deus, pastor, família, enfermeira, médico e outros). Os médicos não servem, as enfermeiras não são atentas, a comida não é gostosa, as visitas são recebidas friamente, o capelão ou o pastor são rejeitados, etc.
Nesta hora é preciso de muita empatia, é quando o paciente procura ter a segurança de que não está sendo esquecido, levanta a sua voz e faz exigências, reclama atenção, e dá o seu grito: “Não se esqueçam que estou vivo, vocês podem ouvir minha voz, ainda não estou morto”.
Devemos amar o paciente e deixá-lo descarregar, não devemos fazer juízos precipitados da sua fé. É hora de ouvir com o terceiro ouvido.
c. A negociação com a morte (barganha).
Se pelo menos me dessem cinco anos... preciso criar os meus filhos...
Aqui a sua conduta é como uma criança, que troca de tática para conquistar o que seu pai negou (barganha).
Tenta negociar, com promessas, como ser um melhor crente, melhor pai, mãe, dizimista, pagar algum tipo de penitência, etc.
Normalmente é uma negociação com Deus. O paciente inconscientemente deseja corrigir seus erros. É uma boa hora para a intervenção do capelão, que pode ver nas promessas as áreas de conflitos do paciente.
Por exemplo:
Melhor cristão (culpa e negligência em relação com Deus).
Melhor marido (culpa, conflito com a esposa e filhos).
É uma hora importante para a confissão e reconciliação.
d. Depressão: o sentimento de grande perda.
i. Depressão ativa: relativa a perdas passadas como: gastos financeiros, perda de trabalho, incapacidade de fazer alguma coisa, dependência total dos outros, humilhação (intimidade invadida pelos procedimentos seja a higienização ou pelos procedimentos médicos).
É hora de apoio prático dos amigos, a igreja, o pastor, ajudando principalmente na depressão ativa, dando apoio moral e financeiro para o futuro da sua família. Será de grande ajuda para o paciente, saber e ficar tranqüilo enquanto ao futuro de seus familiares.
ii. Depressão passiva: relacionada a perdas futuras, como familiares, amigos, coisas, planos e ideais.
Geralmente é uma etapa silenciosa (olha para a parede, não tem vontade de falar). O que mais incomoda ao paciente é a perca da esperança.
Na depressão passiva é hora do silêncio, de dar as mãos, chorar juntos, poder ouvir em silêncio e continuando com a família no processo de luto.
Os amigos de Jó conseguiram no principio. Por vários dias não disseram uma só palavra.
e. Aceitação do inevitável:
O paciente está cansado e fraco, deseja dormir o máximo (intervalos curtos).
Não confunda aceitação com a etapa de felicidade, é uma fuga de sentimentos, o paciente deseja ficar só e no silêncio.
Neste período a família precisa mais da ajuda, compreensão e apoio, mais do que o paciente. Normalmente o paciente se desconecta do mundo exterior (notícias e comentários), mas o paciente precisa da presença da família e amigos.
CONCLUSÃO: O que podemos fazer.
Dra. Elizabeth Kübler-Ross aconselha que: “A melhor reação é ouvir e não tentar provar qualquer coisa ao paciente, só ouvir”.
Muitas vezes não há nada para ser ouvido, sensivelmente devemos ficar ao lado, consolando com a nossa silenciosa presença. Chorar juntos.
O que quer dizer?
- Mostrar o valor da sua vida para Deus, amigos e familiares.
- Mostrar humanização, tocando o paciente e olhando em seus olhos.
- Falar com os que estão em coma. Lembre-se que o ouvido é um dos últimos sentidos que o paciente perde.
- Orando e ajudando afetivamente, com o cuidado aos seus entes queridos, transporte, alimentação, etc.
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Pr. Paulo Kim